Tratamento da fratura: compreenda o procedimento realizado em Kayky Brito após o acidente

Na segunda-feira, 4 de setembro, o Hospital Copa D’Or divulgou um comunicado médico informando que Kayky Brito foi submetido a procedimentos cirúrgicos para tratar fraturas na pelve e no braço direito. O ator enfrentou um quadro de politraumatismo e traumatismo cranioencefálico como resultado de um atropelamento ocorrido na madrugada de sábado.

De forma simplificada, trata-se da correção de um osso fraturado. A fixação pode ser realizada com o uso de um fixador externo em situações mais severas ou de forma interna em casos menos graves. Quando se trata de uma pessoa com politraumatismo em situação considerada grave, geralmente, a primeira opção é o uso do fixador externo. Ele pode ser aplicado tanto em fraturas expostas quanto em fraturas não expostas.

Essa abordagem é particularmente conveniente para pacientes que passam longos períodos acamados na UTI. Leva apenas cerca de 20 minutos, em comparação com as duas horas de uma cirurgia tradicional. Além disso, reduz os riscos associados a uma cirurgia invasiva em pacientes já em estado crítico. Isso possibilita a implementação de outros tratamentos, como fisioterapia, e permite que o paciente mantenha certa mobilidade, incluindo a capacidade de estender e dobrar o membro afetado.

Adicionalmente, o fixador externo possibilita um controle mais preciso da lesão. Como observa Caio Zamboni, especialista em trauma ortopédico e membro da Sociedade Brasileira do Trauma Ortopédico: “Em pacientes politraumatizados, geralmente evitamos o uso de gesso, pois não conseguimos avaliar com precisão o desconforto causado pela imobilização”.

“Posteriormente, considera-se uma abordagem de tratamento definitivo, uma vez que o método ideal para fraturas envolve a fixação interna. O uso do fixador externo é uma medida mais temporária”, esclarece Fabio Peluzo, ortopedista do Hospital Ortopédico AACD.

A abordagem interna ocorre quando a pessoa demonstra uma melhora em seu estado de saúde. No entanto, a prioridade inicial é realizar a correção da fratura o mais rapidamente possível, a fim de permitir a consolidação óssea sem deformidades. Em fraturas diafisárias, que ocorrem ao longo de ossos longos, como o fêmur, o objetivo é preservar o alinhamento, comprimento e rotação do membro, buscando um tratamento funcional que se aproxime ao máximo da normalidade.

Por outro lado, nas fraturas articulares, o tratamento é mais anatômico, envolvendo a preservação ou reconstrução de todos os fragmentos, cartilagens e ligamentos para restaurar a função de mobilidade normal posteriormente. Além disso, a fixação pode ser realizada por meio de diversas opções, como talas (metálicas, de gesso, tipoia ou órtese), fixadores externos (disponíveis em vários modelos) ou internos (como placas e parafusos, ou hastes intramedulares).

Zamboni esclarece que as lesões no anel pélvico, localizadas na região do quadril, podem resultar em uma significativa perda de sangue, o que representa um potencial risco de vida. Por essa razão, essas lesões são tratadas com prioridade no atendimento de pacientes gravemente feridos que necessitam de fixação de fraturas.

As fraturas que afetam ossos longos, como os da perna e do braço, também demandam atenção especial, pois podem estar associadas a hemorragias de grande volume. Além de restaurar a integridade óssea, a cirurgia de fixação tem como objetivo controlar o trauma severo e prevenir um desfecho ainda mais grave.

Conforme explica Peluzo, a consolidação normalmente ocorre em um período médio de seis a oito semanas, com variações dependendo da localização da fratura. A duração desse processo pode ser influenciada pelo estado nutricional do paciente. Zamboni acrescenta que crianças tendem a consolidar mais rapidamente, enquanto pessoas com osteoporose podem enfrentar um processo um pouco mais prolongado. O tempo de recuperação também pode ser afetado por fatores como compressão na área da fratura ou lesões musculares ao redor da mesma.