A Corajosa Batalha de Luma Contra o Carcinoma Adenoide Cístico
Luma, uma jovem mãe, tem enfrentado um desafio que poucos conseguem imaginar: o carcinoma adenoide cístico. Este tipo de câncer surge nas glândulas salivares e é extremamente raro, representando apenas 1% de todas as neoplasias, o que o torna ainda mais complicado de diagnosticar e tratar. Mesmo entre os cânceres de cabeça e pescoço, sua incidência é de apenas 3% dos casos. O diagnóstico tardio, que no caso de Luma ocorreu no estágio 4, trouxe à tona a urgência de sua situação.
Os Primeiros Sinais
Durante uma viagem a Brasília, Luma começou a sentir dores intensas nos seios da face e na cabeça, sintomas que inicialmente pareciam ser apenas uma sinusite. Ao voltar para casa, as dores persistiram, levando-a a procurar um médico. O atendimento no pronto-socorro de Jacareí não trouxe alívio; o médico sugeriu que ela consultasse um otorrinolaringologista, acreditando que um desvio de septo poderia ser a causa de sua sinusite persistente. Após semanas de antibióticos e corticoides, sem sucesso, Luma viu sua jornada se transformar em um labirinto de diagnósticos imprecisos.
A Dor Intensa e o Diagnóstico
Enquanto tentava entender o que estava acontecendo, Luma sentiu uma dor inexplicável nos dentes. Sua dentista, sem encontrar nada aparente, sugeriu que a pressão causada pela secreção pudesse estar afetando as raízes dentárias. No entanto, tudo tomou um rumo inesperado quando Luma notou uma pequena bolha de sangue no céu da boca. A dentista realizou uma raspagem, mas não considerou necessário realizar uma biópsia.
Depois de um ano de luta contra a sinusite e sem apresentar melhorias, Luma decidiu buscar uma nova opinião médica. A nova otorrinolaringologista solicitou uma tomografia, e foi nesse exame que o tumor foi finalmente descoberto. A mudança na expressão da médica ao revelar o resultado foi um momento marcante na vida de Luma. Ela tinha um cisto no seio nasal que precisava ser removido cirurgicamente, mas a verdade mais devastadora ainda estava por vir.
O Despertar da Realidade
Durante a cirurgia, que inicialmente deveria durar apenas 40 minutos, os médicos encontraram um tumor de quase seis centímetros. O cisto foi encaminhado para biópsia e, para o desespero de Luma, o resultado confirmou a presença de uma neoplasia maligna. “Fiquei apavorada, entrei em prantos”, lembra Luma, que, na luta contra o câncer, teve que enfrentar não só a doença, mas também a burocracia do plano de saúde para garantir que seu tratamento fosse iniciado rapidamente.
Uma Corrida Contra o Tempo
Com um diagnóstico tardio, o tumor de Luma estava em estágio IV, e os médicos precisavam agir rapidamente. O cirurgião Carlos Eduardo Santa Ritta, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, enfatiza a urgência do tratamento: “O câncer é uma corrida contra o relógio”. Luma, uma mãe solo de um menino pequeno, precisou recorrer a um financiamento coletivo para arcar com os custos da cirurgia, já que o plano de saúde não respeitava os prazos.
A Cirurgia Agressiva
Após um tratamento frustrante, Luma se mudou temporariamente para São Paulo, onde passou por uma cirurgia agressiva chamada maxilectomia. Nela, os médicos removeram o maxilar esquerdo, parte do septo nasal, sete dentes e metade do palato. A recuperação foi desafiadora, com dias alimentando-se por sonda. Mesmo após a remoção dos tumores, a preocupação ainda persistia, não sendo possível garantir que todas as células malignas haviam sido eliminadas.
Tratamentos Complementares e a Esperança de Luma
Luma agora enfrenta 30 sessões de radioterapia e quimioterapia semanalmente. Embora a quimioterapia não seja eficaz para seu tipo de câncer, ela pode ajudar a potencializar os efeitos da radioterapia. “Quero estar livre do câncer pelo maior tempo possível”, afirma Luma, que se preocupa profundamente com o futuro de seu filho, Luís Miguel, de apenas quatro anos.
Reflexões Sobre a Prevenção
Os médicos ressaltam que o carcinoma adenoide cístico não possui métodos de rastreamento efetivos, e os sintomas geralmente só aparecem quando o câncer já está avançado. Em contraste, outros tipos de câncer de cabeça e pescoço, que são mais comuns, podem ser evitados através de mudanças nos hábitos, como evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool.
Sinais de Alerta
O diagnóstico precoce é fundamental. Sinais como feridas na boca que não cicatrizam, manchas esbranquiçadas e rouquidão persistente devem ser avaliados por um profissional. A conscientização é crucial, e campanhas de prevenção são vitais, especialmente em julho, mês dedicado à conscientização sobre os cânceres de cabeça e pescoço.
Uma Luta que Continua
Luma é um exemplo de força e determinação. Sua história ressalta a importância da atenção aos sinais do corpo e da busca por diagnósticos precisos. Que sua jornada inspire outros a não desistirem diante das adversidades e a lutarem por suas vidas e por seus entes queridos.