Nos últimos dias, uma declaração polêmica de um professor da UFRJ tem causado bastante burburinho nas redes sociais e na imprensa. O nome dele é Marcos Dantas, professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ), e ele já teve participação direta no governo federal, mais especificamente na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A história veio à tona depois que Dantas usou sua conta na rede social X (o antigo Twitter, pra quem ainda chama assim) pra fazer um comentário nada leve sobre uma criança de apenas cinco anos: Vicky Justus, filha do empresário Roberto Justus. A tal sugestão, que acabou gerando toda a polêmica, envolvia a palavra “guilhotina” — o que obviamente despertou indignação e acusações por todos os lados.
Mas, vamos por partes.
Segundo informações do site O Antagonista, que foi quem puxou esse fio primeiro, Marcos Dantas teve sim um passado bem próximo do governo Lula. Ele ocupou cargos relevantes entre 2003 e 2005. Foi, por exemplo, Secretário de Planejamento e Orçamento do Ministério das Comunicações e também Secretário de Educação a Distância do MEC. Além disso, participou do Conselho Consultivo da ANATEL e, pasmem, também colaborou na elaboração de programas do governo e esteve presente na famosa equipe de transição, quando Lula assumiu o poder pela primeira vez.
Esses dados foram confirmados a partir de uma consulta ao currículo Lattes do próprio professor, que é de acesso público. E, sim, os registros batem. Aliás, a trajetória dele mostra uma forte ligação com as políticas públicas de comunicação e educação do governo petista, o que não surpreende, levando em conta o perfil mais ideológico do docente.
No X, Dantas se identifica como “líder do ComMarx-Grupo Marxiano de Pesquisa em Informação, Comunicação e Cultura”. Só por aí já dá pra entender um pouco mais do posicionamento dele, né? O nome do grupo inclusive já virou piada em alguns fóruns de discussão, com muita gente dizendo que parece coisa de paródia — mas é real mesmo.
O que mais chamou atenção, além da fala agressiva sobre a filha de Justus, foi o silêncio ou a omissão de setores que costumam se manifestar rapidamente quando o assunto envolve discurso de ódio. Muita gente questionou se o mesmo silêncio seria mantido se o autor da fala fosse de outro espectro político. E essa discussão, claro, reacende aquele velho debate sobre dois pesos e duas medidas.
É verdade que o comentário feito por Dantas pode ter sido uma ironia — e alguns tentaram defender essa linha — mas quando se trata de uma criança pequena, mesmo a ironia passa do ponto. O mínimo que se espera de alguém com histórico público e carreira acadêmica é mais responsabilidade naquilo que publica nas redes.
O caso ainda está repercutindo e deve gerar mais desdobramentos. Grupos ligados à proteção da infância e representantes do empresariado já se manifestaram com indignação. Ainda não há informações sobre possíveis medidas legais, mas o estrago na imagem já foi feito.
No fim das contas, essa história expõe não só os limites (ou a falta deles) no discurso político atual, mas também como figuras públicas com passado no governo continuam influenciando o debate de maneira nada equilibrada.
É, os tempos são outros, mas certas atitudes seguem surpreendendo pela falta de bom senso.