Fenômeno é considerado extremamente incomum. Ele acontece quando dois óvulos do mesmo ciclo menstrual são fecundados por espermatozoides de homens diferentes.
Muitos brasileiro não têm o conhecimento, no entanto é possível que gêmeos tenham pais diferentes. Pode até parecer uma história maluca, mas o drama mostrado de forma brilhante por Juliana Paes em uma série da Netflix não é pura ficção e pode acontecer na vida real. Esse fenômeno raro é conhecido como superfecundação heteroparental.
Para entender isso, é bom saber o que acontece normalmente. Em um ciclo menstrual padrão, uma mulher libera um óvulo por mês. Esse óvulo é fertilizado por um espermatozoide e se transforma em um embrião. Agora, na superfecundação heteroparental, o lance é um pouco mais complicado. A mulher precisa liberar dois ou mais óvulos durante o mesmo ciclo menstrual, e esses óvulos são fertilizados por espermatozoides de homens diferentes. Em outras palavras, a mulher teria que ter relações com dois parceiros diferentes em um curto espaço de tempo, durante o período fértil.
O ginecologista e obstetra Nathan Ceschin, que é especialista em Reprodução Humana e integrante da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), explica que “não há muitos casos documentados. São menos de 20 descritos na literatura. Não é impossível, mas é bastante raro”.
Recentemente, em 2022, houve um caso que chamou a atenção em Goiás. Uma paciente teve relações com dois homens no mesmo dia e acabou engravidando de ambos. Os médicos identificaram que ela estava esperando gêmeos de pais diferentes.
Outro exemplo aconteceu em 2021, na Colômbia. A situação veio à tona quando uma mulher, seus filhos e o pai biológico de uma das crianças fizeram um teste de DNA. O exame revelou com certeza a paternidade para um dos homens, mas não para o outro.
A princípio, a equipe do laboratório achou que se tratava de um engano. No entanto, outro exame, realizado a partir de marcadores genéticos, ficou comprovado que a outra criança tinha outro pai biológico.
Fenômeno raro
Vale ressaltar que esse fenômeno é raro porque são poucos os casos em que uma mulher libera dois óvulos em um mesmo ciclo menstrual. Quando isso ocorre e existe fecundação, na grande maioria das vezes a fecundação é feita pelo mesmo homem — e, então, formam-se gêmeos bivitelinos.
No caso reportado na Colômbia, os especialistas identificaram que houve duas fecundações diferentes por dois homens diferentes em duas relações diferentes. De acordo com os estudiosos, fenômenos do tipo só foram relatados em três de 39 mil testes de paternidades incluídos na literatura científica.
Quanto aos riscos associados a essa condição, é válido destacar que o ginecologista garante que são os mesmos de uma gestação gemelar comum. Não há riscos adicionais ou específicos apenas porque os pais são diferentes. A gestação em si não tem complicações extras por causa disso.
Então, apesar de ser algo extremamente raro na humanidade, a superfecundação heteroparental não é uma ficção total. É um fenômeno real e verdadeiro que, embora difícil de acontecer, pode ocorrer e surpreender até mesmo os mais céticos.