A médium mineira Isabel Salomão faleceu na madrugada desta segunda-feira, 11 de novembro, aos 100 anos. Ela estava internada no Hospital Santa Casa de Misericórdia, em Juiz de Fora, na Zona da Mata, desde o dia 3 de novembro, e havia sido transferida para o CTI no último sábado, 9 de novembro, devido ao seu quadro de saúde delicado. Isabel estava afastada dos trabalhos espirituais já há oito anos por causa da idade avançada.
Natural de Rochedo de Minas, Isabel nasceu em 22 de setembro de 1924, em uma família de imigrantes libaneses. Ela foi a segunda filha de dez irmãos, do casal Chaíde e Nagib Salomão. Considerada uma das figuras mais importantes da doutrina espírita no Brasil, Isabel é frequentemente lembrada ao lado de nomes como Chico Xavier (1910-2002), que trabalhou até os 92 anos, e Divaldo Franco, que hoje tem 97. Isabel sempre foi muito respeitada pelo seu trabalho, pela sua fé e pela dedicação à causa espírita.
Desde muito jovem, Isabel mostrou ter uma conexão profunda com o mundo espiritual. Aos 9 anos, já dizia ver coisas que os outros não conseguiam perceber, algo que foi confirmado pela Federação Espírita Brasileira, que relata que sua mediunidade se manifestou ainda na infância.
Com uma educação formal limitada, Isabel estudou até o quarto ano primário, mas desde cedo se destacou pela preocupação com as pessoas ao seu redor. Quando tinha apenas 14 anos, ela se revoltou com a situação das crianças da zona rural e decidiu, por conta própria, que elas precisavam aprender a ler e escrever. Conseguindo o apoio do prefeito de Guarará, ela montou uma escola em sua própria casa, para 45 crianças. E assim, com apenas 14 anos, se tornou professora.
Mais tarde, já com 18 anos, enquanto estudava no Instituto Cândido Tostes, Isabel continuava tendo experiências espirituais. Foi então que o diretor da escola sugeriu que sua mediunidade fosse investigada. Ele a levou até uma Casa Espírita local, onde ela assistiu à primeira palestra, que a ajudou a entender melhor sua relação com o mundo espiritual.
Logo depois, Isabel conheceu Ramiro de Campos, que viria a ser seu marido. Juntos, fundaram a Casa do Caminho, um centro espírita que continua atuando até hoje. Além disso, Isabel fundou o Lar do Caminho, uma instituição que resgatou mais de 500 crianças da rua e lhes deu um novo rumo na vida.
Uma das suas grandes iniciativas foi a criação do Plantão de Socorro Espiritual, em 1979. Esse serviço, que funciona até hoje, oferece atendimento 24 horas por telefone. São mais de 200 mil ligações atendidas por ano, com pedidos de oração e irradiação de energias positivas, tudo realizado de forma anônima, sem que os atendentes se identifiquem.
Mesmo com a idade avançada, Isabel não parou de trabalhar pela causa espírita. Durante a pandemia de Covid-19, quando as reuniões presenciais na Casa do Caminho foram suspensas, ela reuniu um grupo de voluntários e conseguiu que uma empresa de motoboys fizesse a distribuição de alimentos para as famílias carentes. Ela também realizou transmissões ao vivo todas as sextas-feiras, para manter o contato com os fiéis e com a comunidade espírita.
Isabel Salomão deixa um legado imenso, não só dentro da doutrina espírita, mas também na vida das pessoas que teve a oportunidade de ajudar ao longo de sua trajetória. A Casa do Caminho, a instituição que fundou, divulgou uma nota de pesar, destacando sua missão em prol do bem e em favor do Cristo, e agradecendo pelo trabalho que ela realizou ao longo de sua vida, sempre em nome do Evangelho de Jesus.
Ela partiu, mas o trabalho que iniciou e as sementes de amor que plantou seguem florescendo. Uma verdadeira missionária do Cristo, cuja dedicação e amor ao próximo não serão esquecidos tão cedo.