Num domingo de declarações polêmicas e um tanto inflamadas, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, resolveu mais uma vez se manifestar sobre a crescente tensão no Oriente Médio. Pelas redes sociais — mais especificamente na sua própria plataforma, a Truth Social — Trump fez uma afirmação pesada: se o Irã ousar atacar os Estados Unidos, vai enfrentar o poder militar americano “em níveis nunca vistos antes”.
Sim, a frase foi essa mesmo. E não dá pra ignorar o tom provocativo vindo de alguém que, mesmo fora da presidência, continua sendo um dos políticos mais influentes (e controversos) dos EUA. Pra quem lembra, Trump nunca teve papas na língua. E dessa vez não foi diferente.
A declaração veio após boatos de que os Estados Unidos teriam envolvimento em um ataque recente contra alvos iranianos — o que ele negou categoricamente. “Os EUA não tiveram absolutamente nada a ver com qualquer ataque ao Irã durante a noite”, escreveu o ex-presidente, tentando se desvincular de possíveis responsabilizações ou especulações na mídia internacional.
Mas o que realmente chamou atenção foi outro trecho do post: Trump disse que, se quisesse, conseguiria “facilmente fechar um acordo entre Irã e Israel e acabar com esse conflito sangrento”. A frase, apesar de ambiciosa, soa típica do estilo trumpista: cheia de autoconfiança e sem muitos detalhes de como isso se daria na prática.
O cenário atual é dos mais delicados. Desde abril, quando ataques e contra-ataques entre Israel e grupos ligados ao Irã se intensificaram — especialmente depois da guerra em Gaza voltar aos holofotes internacionais —, líderes mundiais têm se posicionado com cautela. Mas Trump, como de costume, preferiu o confronto verbal.
Vale lembrar que durante seu governo (2017–2021), Trump foi responsável por retirar os EUA do acordo nuclear com o Irã, firmado em 2015 durante a gestão de Barack Obama. Essa decisão, à época, gerou duras críticas de aliados europeus e acentuou ainda mais o distanciamento entre Washington e Teerã. Em compensação, foi também no seu mandato que os EUA intermediaram os chamados “Acordos de Abraão”, que normalizaram relações diplomáticas entre Israel e alguns países árabes, como Emirados Árabes Unidos e Bahrein.
Ou seja, ele tem no currículo movimentos tanto que tensionaram quanto que tentaram amenizar os conflitos na região.
Hoje, já em meio à corrida eleitoral para 2024, Trump tenta se mostrar novamente como um líder capaz de resolver crises internacionais. Suas falas sobre o Irã e Israel, por mais polêmicas que sejam, funcionam como termômetro para medir o tom que ele pretende adotar na campanha. Mais agressivo? Pacificador? Talvez os dois, dependendo da audiência.
No fim das contas, as declarações de Trump levantam várias perguntas e quase nenhuma resposta objetiva. Ele realmente teria poder — ou apoio internacional — para mediar um acordo entre dois países que se odeiam há décadas? Seria só retórica de campanha ou há alguma articulação de bastidores rolando?
Por enquanto, o que se tem é só mais uma das muitas promessas ousadas que Trump costuma lançar. E a certeza de que, quando ele fala, o mundo presta atenção — mesmo que seja pra discordar.