Faleceu o ator Jack Betts, mais conhecido pelo seu papel como Henry Balkan no primeiro filme do Homem-Aranha, lançado lá em 2002, aquele mesmo com o Tobey Maguire que virou febre entre os fãs da Marvel no comecinho dos anos 2000. Jack morreu aos 96 anos, de forma tranquila enquanto dormia em sua casa, conforme informou a própria família. Numa era em que tantas perdas são abruptas, saber que ele se foi em paz traz certo alívio pros que o admiravam.
Apesar de ter se tornado mais conhecido do grande público pelo papel no universo do Homem-Aranha, a carreira do Jack começou muito antes disso. Pra quem acompanha novelas americanas – sim, os EUA também têm sua versão de novela das 9 – ele era um rosto familiar. Esteve presente em tramas clássicas da TV dos EUA como One Life to Live, General Hospital, The Edge of Night, The Doctors, Another World, All My Children, Search for Tomorrow, Guiding Light, Loving e Generations. Uma lista que parece até não ter fim. Essas novelas tinham uma base fiel de telespectadores e, pra muita gente, o Jack era quase como um da família, aparecendo na telinha todo santo dia.
Já nas telonas, o Betts também teve momentos bem marcantes. Muita gente nem sabe, mas ele teve papéis em vários filmes de faroeste – gênero que dominava o cinema nas décadas de 50 e 60. Filmes com cavalo, chapéu, tiroteio ao pôr do sol… era com ele mesmo. Mas não ficou só nisso. Entre seus trabalhos mais lembrados estão Deuses e Monstros (filme que concorreu ao Oscar), Um Dia de Fúria com o Michael Douglas surtando no trânsito, o tenso 8mm – Oito Milímetros com Nicolas Cage mergulhando em um mundo sombrio, e até aquela comédia corporativa Como Enlouquecer Seu Chefe (Office Space), que virou cult com o tempo.

A confirmação da morte de Jack veio por meio de Dean Sullivan, sobrinho do ator, em entrevista ao The Hollywood Reporter. Dean não entrou em muitos detalhes, mas deixou claro que o tio estava em casa, tranquilo, e simplesmente não acordou. Numa época em que se vê tanta violência, doenças inesperadas ou tragédias, saber que alguém pôde simplesmente adormecer e partir soa quase como um privilégio raro.
Jack Betts pode não ter sido um nome de primeira linha de Hollywood, mas sua carreira foi, sem dúvida, sólida, extensa e cheia de personagens que marcaram uma época. Era aquele tipo de ator que você talvez não soubesse o nome, mas reconhecia o rosto. E isso, no mundo do entretenimento, já diz muito. Uma presença constante, discreta e eficiente, tanto nas novelas quanto nos filmes.
Com sua partida, se vai também uma parte de uma geração de artistas que ajudou a construir a base do que a televisão e o cinema são hoje. Uma geração que gravava em película, que decorava páginas e mais páginas de roteiro, e que não tinha rede social pra se promover. O talento falava mais alto – e Jack, com certeza, deixou seu recado no palco e nas telas.
Agora, fica o legado. As reprises, os registros, os créditos que eternizam sua contribuição ao longo de mais de cinco décadas de trabalho. E, principalmente, o carinho de quem acompanhou sua carreira e reconhece o peso da sua trajetória.
Descanse em paz, Jack.