O corpo da publicitária Juliana Marins, que faleceu após uma queda numa trilha do Monte Rinjani, na Indonésia, foi submetido a uma nova autópsia nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (2), no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto, no Centro do Rio de Janeiro. O caso, que já havia despertado atenção internacional, ganha agora novos contornos.
A necropsia está sendo conduzida por peritos da Polícia Civil com a participação de um legista federal e um representante da família da jovem. Também está presente o professor de medicina legal Nelson Massini, contratado pela própria família para acompanhar todos os procedimentos de perto — segundo fontes ligadas ao caso, ele é um dos mais respeitados no país quando o assunto é perícia técnica.
A realização dessa nova autópsia só foi possível graças a uma decisão da Justiça Federal, com o apoio direto da Defensoria Pública da União. De acordo com a defensora Taísa Bittencourt Leal Queiroz, que representa a família, há inconsistências preocupantes no primeiro laudo feito pelas autoridades indonésias. “Não houve clareza sobre a causa exata da morte e nem o momento em que a Juliana veio a óbito”, declarou ela.
O pai de Juliana, Manoel Marins, não escondeu sua indignação. Em entrevista ao jornal local RJ2, ele levantou dúvidas sobre a estrutura do hospital onde o primeiro exame foi feito: “A gente precisa saber se essa primeira necropsia foi feita com o mínimo de condições. O hospital parecia não ter estrutura alguma pra lidar com esse tipo de situação”, disse ele, visivelmente abalado.
O episódio já mobilizou a Defensoria Pública da União, que encaminhou um ofício solicitando que a Polícia Federal abra uma investigação oficial sobre o ocorrido. Dependendo dos desdobramentos, o caso pode até mesmo chegar a cortes internacionais — algo que vem sendo considerado como última alternativa pela família, caso a apuração no Brasil não avance de forma satisfatória.
A primeira autópsia: laudo contestado
A primeira necropsia foi feita no dia 26 de junho, logo após o corpo de Juliana ter sido retirado do Parque Nacional do Monte Rinjani. O procedimento foi realizado num hospital em Bali. O médico legista responsável, Ida Bagus Putu Alit, afirmou numa coletiva de imprensa que a jovem morreu em decorrência de múltiplas fraturas e lesões internas. Ele acrescentou que Juliana não sofreu hipotermia e que teria sobrevivido cerca de 20 minutos após o impacto da queda.
Segundo o especialista indonésio, “os ferimentos foram tão graves que a morte foi praticamente imediata”. No entanto, não foi especificado com precisão o dia em que o trauma ocorreu — ponto esse que incomodou profundamente a família.
O que causou ainda mais revolta foi a forma como o resultado da autópsia foi comunicado. De acordo com Mariana Marins, irmã de Juliana, a família havia sido chamada ao hospital sob o pretexto de receber o laudo. Mas, para surpresa de todos, uma coletiva de imprensa foi realizada antes mesmo dos parentes tomarem conhecimento do conteúdo.
“É um completo absurdo. A gente foi chamado pra receber o laudo e, quando chegamos lá, o médico já estava falando com a imprensa. Foi um desrespeito total. É como se a dor da nossa família não importasse”, desabafou Mariana, visivelmente emocionada.
O caso segue em investigação, e a família segue na luta por respostas claras e justiça. Enquanto isso, o Brasil assiste, mais uma vez, a dor de uma família tentando entender por que uma jovem cheia de vida teve seu destino interrompido de forma tão brutal — e mal explicada.
