Antes da morte, Walewska fez planos para engravidar e cogitou adotar criança

A semana recente foi marcada por uma triste notícia para o mundo do vôlei feminino brasileiro e os fãs do esporte em todo o país. Walewska Oliveira, uma das maiores estrelas desse esporte em terras tupiniquins, faleceu aos 43 anos de idade de maneira triste. Segundo informações da Secretaria de Estado da Segurança Pública, a atleta caiu do 17º andar, levantando questionamentos e gerando uma investigação sobre a possibilidade de suicídio. O ocorrido foi registrado oficialmente pelo 78º Distrito Policial, localizado no bairro dos Jardins, zona oeste da cidade de São Paulo.

Porém, mais do que as circunstâncias trágicas que cercam sua morte, é importante recordar a trajetória de Walewska Oliveira e a sua postura decidida em relação à maternidade. Antes de seu falecimento, a jogadora concedeu uma entrevista ao site Dibradoras, na qual compartilhou seus sonhos e decisões pessoais.

Em 2022, Walewska revelou que tinha o sonho de ser mãe. Em uma conversa franca, ela compartilhou que planejava uma gravidez ao lado de seu então marido, Ricardo Mendes. No entanto, ao analisar detalhadamente a situação, a jogadora percebeu que não conseguiria se dedicar completamente à gestação enquanto mantinha sua carreira e compromissos esportivos.

“Eu cheguei até a programar com a minha ginecologista, quatro anos atrás, para tirar o DIU e começar a fazer essa mudança para tentar engravidar. Mas depois eu sentei com o meu marido e disse: ‘gente, que estranho, né? Eu vou sair de uma vida de muita dedicação e eu vou passar pra outra vida de muita dedicação 100%. Eu acho que preciso de um tempo pra mim agora. Eu preciso viver o meu tempo agora'”, disse ela na época.

Essa reflexão íntima sobre a maternidade e a carreira esportiva é um dilema com o qual muitas mulheres contemporâneas se deparam. Walewska enfrentou esse dilema com coragem, abrindo seu coração sobre o assunto e compartilhando suas razões com sinceridade. Ela deixou claro que não estava disposta a comprometer sua liberdade e a dedicação que daria a um filho, afirmando que não teria um filho para cuidar apenas parcialmente.

“Porque eu sou 100%. Não vou ter filho pra me dedicar 30%, 40%. Não me peça isso. E foi assim, com muita naturalidade, acho que foi outra decisão muito acertada da minha vida. Às vezes algumas pessoas falam: ‘Mas e se você se arrepender daqui uns anos?’. Gente, tem tanta criança linda precisando de uma casa, de amor, de um lar, é isso que eu vou fazer.”

A postura de Walewska em relação à adoção também merece destaque. Ela demonstrou uma profunda empatia e consideração pelas crianças que necessitam de um lar amoroso, enfatizando que essa era a direção que escolheria caso decidisse ser mãe. Sua decisão de não se tornar mãe biológica, mas, em vez disso, dar amor e abrigo a uma criança que já estava no mundo, é um ato de generosidade e amor ao próximo.

Aos 42 anos, Walewska também enfrentou a questão da idade e as pressões sociais em torno da maternidade. Ela mencionou que sua médica havia sugerido o congelamento de óvulos, mas optou por não fazê-lo, priorizando suas férias e seu tempo pessoal. Sua decisão, tomada com convicção, revela que cada indivíduo tem o direito de moldar sua vida de acordo com suas próprias prioridades e desejos.

Em última análise, a história de Walewska Oliveira é um lembrete poderoso da importância de se respeitar as escolhas pessoais de cada mulher em relação à maternidade. Sua coragem ao compartilhar seus pensamentos e sentimentos sobre o assunto abriu espaço para uma conversa mais ampla sobre as complexidades enfrentadas por mulheres que buscam equilibrar carreira, vida pessoal e maternidade.

Embora sua morte trágica tenha deixado uma lacuna no mundo do esporte brasileiro, é importante que também se lembre de seu legado como uma atleta talentosa e uma mulher que tomou decisões corajosas e autênticas em sua vida pessoal. Que sua história inspire outros a serem verdadeiros consigo mesmos e a respeitar as escolhas de cada indivíduo, especialmente quando se trata de questões tão profundamente pessoais como a maternidade.