Elize Matsunaga, condenada por atirar e desmembrar o marido, planeja publicar um livro com sua versão da história. A obra nomeada de Piquenique no Inferno, tem como principal objetivo da autora fazer o livro chegar até a filha do casal, afastada da mãe desde o crime em 2012. “Minha amada [filha], não sei quando você lerá essa carta ou se um dia isso irá acontecer. Sei o quão complicada é nossa história, mas o que eu escrevo aqui não se apagará tão fácil“
A autobiografia conta com 178 páginas e alguns partes da obra foram divulgados pelo portal G1 em São Paulo nesta quinta-feira (19/5). O livro foi redigido a mão dentro da prisão e narra a trajetória de Elize desde os tempos humildes de criança.
Em certa parte da obra, Elize narra que sofreu um abuso do padrasto quando ainda era adolescente e afirma que era vítima constante de violência doméstica pelo marido Marcos Matsunaga, herdeiro da Yoki morto de forma brutal aos 42 anos por ela. Na oportunidade, Elize tinha 30 anos. Nos dias de hoje, ela cumpre pena no regime semiaberto.
“Quando a penetrava, Elize sentia uma dor cortante com a sensação quente de seu sangue e a reação inútil de seu corpo. Cedeu sua virgindade à violência”, entrega em uma parte do trecho do livro sobre os abusos que Elize teria sofrido pelo padrasto.
momento do crime
A obra ainda conta com detalhes a respeito do momento do assassinato. A filha do casal dormia no apartamento quando Marcos foi morto, no entanto, Elize afirma que ela não ouviu nada. A menina hoje tem 11 anos, e mora com os avós paternos e é impedida de ver a mãe.
“Atira, sua fraca! Atira! Sua vagabunda! Atira ou some daqui com sua família de bosta e deixa minha filha. Você nunca mais irá vê-la. Acha que algum juiz dará a guarda a uma puta?”, teria dito Marcos, pouco antes de ser morto, conforme relata Elize.
Em outro parte do livro, ela conta como ficou seu emocional na hora do crime: “A cabeça de Elize parecia um torvelinho. Um caos. Um turbilhão de palavras e sentimentos, entre eles o medo, tão perigoso… Foi então que o dedo no gatilho fez seu trabalho…”.
“Espero muito ansiosamente que um dia você me perdoe. Não pretendo justificar o injustificável. (…). Não há a menor possibilidade de desistir de lutar por ti, minha filha”, narra Elize em mais um trecho.